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O Céu Âmbar

  • Categoria do post:Causos / Contos
  • Tempo de leitura:6 minutos de leitura
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O céu era de um tom pálido de âmbar, algo entre o pôr do sol e a tempestade. Uma figura solitária estava parada no chão rochoso, observando a paisagem desconhecida. O ar era espesso, áspero, grudando na pele como areia fina. A figura ajustou a máscara improvisada sobre o rosto, murmurando: “A atmosfera é pesada, irrespirável… quase sufocante.” Mesmo assim, seguiu em frente. Havia algo vital a ser encontrado ali, um sinal, um propósito.

Tinha viajado muito, talvez longe demais. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, com a gravidade do planeta sendo opressiva e implacável. Ao redor, o mundo estava morto — sem vegetação, sem sinais de vida, apenas rochas pontiagudas e um ocasional movimento ao longe. “Alguém está aí?”, chamou com uma voz cansada, mas cheia de esperança. Não houve resposta, apenas o constante uivo do vento rasgando o céu.

Criaturas Selvagens

Os dias ali pareciam intermináveis, um ciclo incessante de busca e sobrevivência. “Não posso desistir agora.” A determinação ardia dentro do peito do viajante, apesar do cansaço que assolava sua mente ao navegar por um ambiente tão estranho para ele. Memórias de casa — vívidas, quase dolorosas — surgiam constantemente, como um sonho esquecido.

Então, algo apareceu. Estruturas. Feitas por mãos, ou talvez por bestas, julgando pela construção tosca e pesada. A figura se aproximou com cautela, segurando firme a barra de metal presa à lateral do corpo. Seria o primeiro sinal de vida inteligente?

Um movimento rápido surgiu atrás de uma das construções, seguido por um rosnado baixo e gutural, que arrepiou a espinha da figura. E então eles apareceram. Dois… não, três seres. Seus rostos distorcidos, corpos arqueados, músculos tensionados e pulsando sob manchas de pelo e pele coriácea. Humanos.

O Confronto Final

As criaturas se moviam em círculo, mostrando os dentes, comunicando-se com grunhidos ásperos e interrompidos. Eles avançavam com agilidade surpreendente, movidos por instinto—território, dominação, fome. Um deles avançou primeiro, um borrão de músculos e fúria. A figura mal conseguiu desviar, a barra de metal acertando o flanco da criatura. “Fiquem longe!”, gritou com a voz trêmula, apesar da determinação.

Duas criaturas bestiais que foram humanas segurando barras de metal e ameaçando

A luta foi brutal. A figura atacava com rapidez, mas os humanos eram implacáveis, movidos por um impulso primal, incontrolável. No fim, a figura se encontrou de pé sobre os corpos sem vida, ofegante, com o sangue pingando da barra de metal. Tudo estava estranhamente silencioso.

Uma Revelação Final

A figura ajoelhou-se, observando as criaturas que havia matado banhado pela luz daquele céu âmbar. Que estranhas eram de perto, esses humanos, com suas expressões selvagens e corpos retorcidos. Seres primitivos, mas que um dia dominaram o planeta. Um sentimento estranho de pesar surgiu, não por eles, mas pelo mundo que eles perderam.

O viajante alienígena olhando para frente, abaixo de dois sóis num céu cor de âmbar

Ofegante, a figura se levantou, removendo a máscara. Sob ela, a pele era pálida e translúcida, os olhos refletindo a luz âmbar. Nada como os seres que enfrentou.

Com um último olhar para as ruínas, o alienígena sussurrou: “Será que algum dia perceberam no que estavam se transformando?”

E então, desapareceu na tempestade.