Trilha indicada para ouvir enquanto lê
Sou de Três corações e fiz parte de uma geração que ficou aterrorizada, noites sem dormir, depois das reportagens sobre o E.T. de Varginha, cidade vizinha daqui. E o relato que vou contar é sobre o dia que eu vi algo que me arrepiou tanto quanto.
Como já citei, eu fiquei muito traumatizada com a repercussão do caso de Varginha e a imagem do tal E.T. não me saía da cabeça. Eu simplesmente não me sentia mais segura, nem quando estava brincando com meus amigos na rua. Ninguém queria mais brincar de se esconder, por exemplo porque não queria ficar sozinho pelas ruas. Passou um tempo e a maioria das pessoas foi deixando o acontecido de lado, as crianças perdendo um pouco o medo.
Aí, teve um dia que minha mãe me pediu pra ir na rua de trás, na casa da minha tia, buscar um quilo de fubá, lembro até hoje. Eu fui, como sempre atendia tudo que meus pais me pediam. Mas só na metade do caminho a lembrança do E.T. me veio na cabeça e eu comecei a pensar muito nele. Comecei a repetir que ele não existia, que mesmo que existisse, não estava por ali.
Mas de noite, sozinha, naquele lugar silencioso onde só se ouviam os grilos, tudo favorecia para que eu pensasse o tempo inteiro no tal bicho. Segui até o fim da quadra, onde a rua terminava e começa a rua da minha tia, mas ao virar, eu vi algo lá no meio de rua. Não consigo dizer o que era, não consigo nem garantir que de fato estava lá. Mas eu vi, e na mesma hora associei a um alienígena.
Gritei e voltei correndo pra casa. Cheguei toda esbaforida e chorando, tentando explicar aos meus pais o que eu tinha visto. Eles até tentaram ver algo na rua, mas não encontraram nada e não sei de mais ninguém que tenha visto nada desse tipo naqueles dias por aquela área. Mas nada tira da minha cabeça que eu vi um alienígena e foi uma sensação muito diferente de qualquer outra coisa que eu já senti.