Era uma tarde nublada de inverno, e eu estava voltando da escola a pé, como de costume. Para encurtar o caminho, costumava atravessar um trecho de estrada de terra que passava por um pequena mata. Era um trajeto tranquilo, mas não sabia que ia encontrar aquele misterioso garoto.
Ao me aproximar da mata, avistei à distância um menino em pé na beira do açude, vestindo roupas antigas, como se tivesse saído de outra época. Parecia triste e sozinho, então me aproximei para ver se precisava de ajuda.
Quando cheguei mais perto, ele me olhou com olhos grandes e expressivos. Perguntei seu nome, mas ele permaneceu em silêncio. Notei que seus pés estavam descalços e cobertos de lama. Tentei oferecer ajuda novamente, mas ele apenas apontou para o meio da mata e começou a caminhar lentamente em direção às árvores.
Segui o menino da estrada de terra, curioso e preocupado. À medida que avançávamos, a névoa da mata parecia se tornar mais densa, e uma sensação de frio me envolvia. Após alguns minutos, chegamos a uma pequena clareira, onde ele parou ao lado de um velho poço de pedra, parcialmente coberto por vegetação.
O menino apontou para o poço e, com um olhar de desespero, começou a chorar silenciosamente. Sem saber o que fazer, me aproximei da beira do poço e olhei para dentro. A escuridão era total, mas podia sentir que havia algo profundamente errado ali.
De repente, senti uma mão fria em meu ombro e me virei para ver o menino da estrada de terra desaparecendo na névoa. Assustado, corri de volta para a estrada de terra e continuei correndo até chegar em casa, ofegante e apavorado.
Mais tarde, contei a história para meus pais, que me olharam com expressões preocupadas. Meu avô, que estava presente, ouviu em silêncio e depois contou uma história que eu nunca tinha ouvido antes. Muitos anos atrás, um menino havia desaparecido naquelas mesmas redondezas, e o único vestígio encontrado foi seu sapato perto de um velho poço.
Nunca mais passei pela mata sozinho. O poço foi eventualmente soterrado, mas a imagem daquele menino e a sensação de tristeza profunda que senti nunca desapareceram.