Cresci no interior do Brasil no final dos anos 80 e início dos 90. Desde pequeno, ouvi muitas histórias misteriosas contadas por meus familiares, mas uma em particular que vivi pessoalmente nunca saiu da minha cabeça.
Era uma tarde de verão, e como de costume, eu e meus amigos estávamos brincando na rua. Havia uma casa abandonada no fim da nossa rua, cercada por um ar de mistério e medo. As histórias diziam que a casa era assombrada, mas como crianças curiosas, não conseguíamos resistir à tentação de explorar.
Naquele dia específico, decidimos entrar. A casa estava em ruínas, com teias de aranha nos cantos e o som de madeira rangendo a cada passo. Enquanto explorávamos os quartos empoeirados, um de nós encontrou uma porta trancada no porão. Tentamos forçá-la sem sucesso, até que um dos meninos sugeriu que voltássemos à noite, quando “os espíritos estariam mais fracos”, segundo ele.
Combinamos de nos encontrar à meia-noite, armados com lanternas e muita coragem. Quando a hora chegou, nos reunimos em frente à casa, com o coração acelerado. Entramos em silêncio, tentando não fazer barulho. No porão, a porta continuava trancada. Estávamos prestes a desistir quando ouvimos um som estranho vindo de trás da porta – um choro baixo e contínuo, como de uma criança.
Assustados, mas determinados, continuamos a tentar abrir a porta. De repente, a tranca cedeu e a porta se abriu lentamente com um rangido assustador. Lá dentro, não havia nada além de uma velha cadeira de balanço que se movia sozinha. O choro parou instantaneamente.
Congelamos de medo, sem saber o que fazer. Então, uma figura pálida apareceu na cadeira, uma sombra translúcida de uma mulher segurando um bebê. Ela nos olhou com olhos tristes e, em um sussurro quase inaudível, pediu ajuda para encontrar seu filho. Corremos para fora da casa, sem olhar para trás.
Na manhã seguinte, nenhum de nós teve coragem de voltar lá. Contamos a história para nossos pais, que nos proibiram de voltar àquela casa. Soube anos depois que a casa foi demolida, mas a memória daquela noite permanece viva em minha mente. Nunca soubemos o que realmente aconteceu ali ou quem era aquela figura fantasmagórica.